sábado, 4 de dezembro de 2010

Outra estação

Ei, o que é isso? É aquele velho friozinho na barriga voltando?
O céu esta claro, o dia lindo e o convite é tentador. A sua companhia agradável, abraços aconchegantes e um leve nível de embriaguez me seduzem a cada segundo.
Por hoje, estou guardando a minha dor no bolso, e tirei o sorriso mais bonito da gaveta. E olha, to precisando de você. Dentro, fora, longe ou perto, não importa, só quero que saibas que estou precisando de você agora aqui comigo, e talvez dure uma semana, um mês ou dois, não sabemos, só sei que está sendo uma experiência diferente, que estou disposta a viver.
 Baby, sinto o cheiro do verão que entra na minha alma, e vou aproveitar esta estação.


J.

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Sol na casa 7

Fiz amizades com todos e qualquer um, criei o caos e o tumulto, perdida tantas vezes, me conheci. 
Descobri que só, seria tudo mais fácil, e não foi. Cresci sendo machucada, e dou valor as minhas cicatrizes, todas elas marcadas a ferro e fogo, em brasa,  em dias cinzentos, demorei, mas descobri. 
Descobri que era preciso ter força pra sobreviver, que aqui fora desse mundo de faz de conta que criei, são todos leões famintos, e você, será a próxima lebre a ser morta e devorada freneticamente com gosto. 
Com gosto de vitória. 
Com um certo azedume na alma me deparei com dias chuvosos onde não me emprestariam se quer um canto em um guarda-chuva quebrado. 
E venci.
Hoje sou leão, e mato pra sobreviver.


J.

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Desajuste

Não é a coincidência de gostos e conversas malucas. Não é a troca de olhares distraídos nem duetos desajeitados. Não é o tratamento especial nem as palavras certas. Não são os sonhos ambiciosos compartilhados nem os encontros mais que ocasionais. Não é a vontade de um nem de outro. Não é a surpresa de uma coincidência estranha. Não é a verdade de um elogio. Não é o olhar revelador. Não é nada disso. É outra coisa. Outra coisa que junta e dilacera a alma. É alguma coisa que ainda não encontrei.
São fatos, exatos e certeiros. Outra coisa, escondida dentro daqueles que foram escolhidos pelo mundo, e esses poderão saber o que é que falta. Eu não sei o que é. Minha pretensão de saber vai se dissolvendo aos poucos. Minha vontade de acreditar vai se tornando a decepção de tentar. O mundo não me escolheu pra isso.
Acho que sou feita pra outra coisa. Que coisa eu não sei.

D.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

3x4

Sou uma morena qualquer, não como qualquer brasileira, sou aquela morena branca britânica, uma morenez mais sulista.
Meu sorriso escarlate não tem pretensão alguma em te fazer feliz, minhas unhas roídas demonstram a minha insegurança em continuar a viver, esse tic na perna contam os segundos que teimam em andar mais devagar.
Trago comigo um coração áspero, de carne morta, cansado de bater. Resultado de anos de tristezas, de choro, de tanto sentir saudade, cansado de amar errado, que agora só quer andar sozinho, capaz de fazer de um caminho qualquer sobre a neve, em um caminho gelado e sem porto.
A culpa não é minha, nasci na hora errada, queria eu ter nascido há cem anos atrás, seria tudo mais feliz, mais bonito, seria eu cortejada, usaria rendas brancas imaculadas, doce e meiga, com um leve ar feliz de se saber única e especial como uma rosa sendo cativada.

J.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Assim como hoje
uns estão dispostos a morrer,
outros estão dispostos a matar...

                                      segunda-feira é tenso!

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Tentei não me importar
Esqueci.
Me distrai
e me importei.
Quando vi já não tinha jeito
pensar demais engana,
vou esperar alguém vir me procurar
só pra dizer que vou ficar, não quero ir.
A aurora é só minha.
fique dito,
Que a mais ninguém ela pertencerá.


D.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Que seja doce

Os dias passam pesados, como se eu carregasse uma cruz, onde estão pregados todos os meus erros, de um ano todo que se passou e eu nem vi, de horas que escorreram entre meus dedos como água, como se eu quisesse segurar, mesmo sabendo que não conseguiria.
E como eu queria segurar, pausar esse tempo que voa, pausa-lo em um dia perfeito, onde não havia essa previsão de um futuro negro tão próximo.
Só quero que esse pranto volte a ser riso em breve,tirar o cinza dos meus dias, que esse ano acabe e leve todos os fantasmas que me atormentaram nesses meses terríveis.
Que venham dias leves e lentos, onde eu possa sentir a presença de todos a minha volta, amar com mais intensidade, estar com os meus, aqueles que me fazem bem, e dias que eu saiba fazer desse drama a hora de recomeçar.


J.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Antes de adormecer

Passei a acreditar nas rosas perfumadas. Em equações sentimentais e opções controversas. Passei a pensar sobre as pessoas, sobre a chuva e sobre a solidão. Encontrei algum sentido em sentir. Descobri a beleza da imperfeição. A vida imperfeita me encanta, me faz mais real.
Minha carne está respondendo aos estímulos, e se dilacera em agonia tanto quanto meu coração traiçoeiro. Minhas pálpebras estão prontas pra se fechar de cansaço, sem saber o porquê de adormecer enquanto a vida acontece. Não quero perder nenhum segundo de consciência. Essa consciência absurda me assusta. É um perigo para os fracos.
Sentidos, sentidos. Entenda como quiser.


D.

domingo, 24 de outubro de 2010

Subentenda

Pare de me enganar.
Se revelar o porque eu passo aí,
se revelar mais
passo na ida e na volta,
Se revelar tudo
te levo comigo.


me leve
contigo!


J.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Pensamentos sortidos

Vivenciando a alegria de se desvencilhar.
É como saltar de um balanço no ponto mais alto do seu balançar.
Ah, é se libertar de paradigmas ortodoxos que dizem respeito apenas ao eu solitário - individuo correto de escrúpulo exemplar.
É como dizer adeus sem a dor da partida, e sorrir sem pretensão para o por do sol.
Não se queixar de ter que passar eternidades esperando por algo, e admirar a paisagem destruída daquela rua sombria e com odores duvidáveis.
Perder-se na rotina monótona de dias e dias que se arrastam, e depois ficar lembrando das tardes inertes e noites mal dormidas.
Saborear o café com rapidez e descaso e rir-se de lembranças enfadonhas.
É uma luta inconstante, um teor alcoólico elevado, reflexões finitas e irrelevantes, pardais cantando no engarrafamento. É sentir intensamente.
Desvencilhe-se desse drama cansativo. Tire esse peso do ar.
Saltinhos, pulinhos, beijos ardentes e sorrisos intrigantes. A arte de se desvencilhar.


D.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Pequenos Prazeres

Se eu a conheço ?
Desiree tem medo da solidão e de que não ouçam ela, uma típica leonina. Ela tem um topete legal, mas isso é conseqüência de noites legais. Desiree gosta de passeios no domingo de manhã, ver velhinhos e crianças andando pela rua, e transformaria tudo em uma foto ou uma musica, gosta de observar pequenos detalhes e colher amoras, mas não tem paciência de encher o copo. Ela gosta de começar a musica e te olha com uma carinha de " você sabe continuar essa parte " só pra te incluir no momento.Ela gosta de lojas de coisas usadas e cantarolar saltitante com uma flor no cabelo em um dia de sol. De reparar nas particularidades das cores e de toda a atmosfera do lugar, de reparar como tudo parece um filme onde cada personagem se encaixa perfeitamente em seu papel, e de como tudo está no lugar onde deveria estar! Gosta de filmes cults, onde o que importa também é o nome do diretor e de todo o efeito fotográfico causado pelo mesmo.
Ela não termina as coisas com facilidade, e sabe que sair de casa já é se aventurar.

“ Eu só entrarei naquela farmácia baby, se... tiver mais um frutilly “

Só não sei se isso é conhecer alguem.

J.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Outras cores

Realmente não gosto de falar de mim.
Sobre os meus medos, minhas inseguranças,
Não sou como Frida que se pintava só por ser o assunto que conhecia melhor.
Eu não me conheço, pinto as pessoas pelo meu medo da solidão, pelo medo de me conhecer, de me encontrar e saber quem eu sou.
Prefiro assim, sem descobrir, talvez você saiba mais de mim do que eu mesma.


J.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Fragmentos Randomicos

De cada fala
eu pago
da sua conta
o preço

De cada afago falso
eu peço a verdade
um beijo

Um começo
longo
perto de mim
o colo

Se eu peço muito
me entenda
se eu peço a fuga
o fogo

Só segure minhas mãos confusas e venha
siga o ponto de fuga
e fuja.


Por Dèsireé e Jéssica
 O tempo não me fez esqueçer.


terça-feira, 14 de setembro de 2010

Luz Negra

Como é fácil pra ela dizer que esta triste quando realmente está. E é tão fácil pra ela congelar seu coração e guardá-lo nas profundezas de sua alma. Assim ela se sente melhor, livre pra se entristecer a cada manhã. E ainda diz que está melhor e que agora pode enfim sorrir para a aurora que enobrece seu ser. E que sente vontade de cantarolar quando ninguém olha. Ela pensa até que pode olhar para alguém e ter vontade de estar bem perto daquele calor lancinante que exala das almas tão quentes e vivas. E seus olhos não estão mais cheios de lágrimas com a freqüência de outrora, dizem até que estão mais castanhos e vivos. Quem olha pra ela assim de longe, jura que ainda existe um brilho especial sobre ela.
Ela congelou seu coração e guardou nas profundezas de sua alma. E agora ela quer viver assim pra sempre, sem esse atropelo de emoções que jamais pôde controlar. Continua com idéias contraditórias, querendo ser compreendida quando nem ao menos pode agüentar seu coração pulsando no peito.
Como eu queria ter o poder de resgatá-la desse caminho incerto que insiste em seguir. Queria poder segurar em seu braço com força pra que não saísse correndo, fugindo, chorando e de olhos fechados. Fazê-la encarar o mundo.
Pare de ter medo. Pare de fugir. Veja o brilho desta manhã única, que pode te mostrar mais do que melancolia. Tire do rosto esse ar cansado, que pesa quando te olham.
Ela conseguiu sorrir quando o dia chegou ao fim, e também quando a manhã raiou com o sol quente do verão. Ela terminou de chorar suas dores por enquanto, por que conseguiu dissipar a névoa que impedia que enxergasse com clareza, e conseguiu enfim tornar seu coração duro e frio. Como ela pode fazer isso? De certo não sei dizer, mas posso arriscar que foi para se proteger de si mesma.

D.

sábado, 11 de setembro de 2010

Dois pássaros

Queria estar consciente de pelo menos metade de minhas decisões, queria poder saber o que fazer agora.
Eu posso te ver nos meus olhos quando eles brilham, não é só amizade, é também um romance. E se você quiser podemos dançar essa musica. E começaremos juntos, sentaremos calados entre a bagunça, e descreveremos os motivos por termos um ao outro, repetiremos o não dito por várias vezes. Seguindo o mesmo caminho, olharemos as estrelas na beira da piscina vazia e iremos rever suas trilogias preferidas.
Chegamos onde eu nunca imaginei que chegaríamos, vi nos seus olhos a verdade. A amizade em sua forma pura e intrínseca. Aquela predisposição recíproca que torna dois seres igualmente ciosos da felicidade um do outro.
Eu vou acreditar em tudo,
não há nada que eu não vá entender,
eu não soltarei sua mão.


J.

domingo, 5 de setembro de 2010

Nem tudo precisa ter nome

Quero me perder em alguma esquina por aí, alguma curva qualquer desse caminho que sigo.
Quero saber o quanto tenho a ganhar ou perder, e arriscar.
Cansei de meias verdades, indícios de preocupações mentirosas, dissertações sobre o que é certo! E se eu quiser dramatizar e tornar tudo um pouco mais divertido. Se eu sinto a necessidade de coisas intensas? Cansei do superficial, o fútil.
O fruto forte da casa não sou eu. É que temos que saber o que queremos, e decidir. Ser exatos e certeiros em todas as ações previamente articuladas num plano meticuloso e sujo.
Mas é que não tenho a pretensão de carregar o mundo, tenho a pretensão de ser carregada por ele.

D.

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Ode à Baco

Falta-me algo, aquilo que não sei o nome, não sei a cor, não sei o gosto. Falta expelir esse grito preso na garganta, falta o vinho pra me libertar.
Falta braços, pernas, falta a paz, a guerra, o mundo, o ar.
Falta o fogo, o gás, o isqueiro. Falta a luz, a inspiração divina, a inspiração humana, a crença, o mito, o mínimo da verdade, o máximo da mentira.
A outra metade, aquele pedaço.
A decisão, o seu corpo no meu, seu cheiro, a sua verdade.
Sinto esse vazio, quero o sentimento puro, a busca pelo que disseram que existe nas pessoas, quero encontrar todo o sentimento magnífico, escondido em você, escondido em mim, quero que ele brote com toda a intensidade necessária do momento, embalado pelo tango mais quente, mais fervoroso existente.
Ter tudo e nada ao mesmo tempo não é satisfatório. Quero cheio, que transborde!
Que nome dão pra isso? Não nomeio coisas que nunca senti. Nunca vivi.
Quero a certeza. Isso me falta.
Falta você. Me envolva, me prove, me sinta, me veja! Estou aqui, pronta.

J.

sábado, 21 de agosto de 2010

Para um observador distraído

Naquela tarde tão estranha, onde ela procurava mais uma vez se encontrar e se entender para que pudesse parar de magoar a todos, mas uma vez ela enxergava além do que podia, mas não encontrava a resposta que queria. Aquela tarde em especial parecia muito mais exata que as outras, e ela tentava acreditar que poderia conseguir.
O que ela não sabia, era o quanto demoraria pra descobrir que aquele estado de espírito não era passageiro, e que todos os seus medos não eram em vão, e que suas esperanças eram tão efêmeras quanto o sol que a aquecia no inverno.
Saberia um dia que tudo pelo o que chorou era apenas um pretexto para escapar do som da sua alma, que gritava enquanto ela vivia mediocremente.
Por isso, ela procurou ver no mundo aquilo que ninguém mais via, procurou sentir como ninguém mais sentia e procurou sofrer, pra que pudesse amar.
Naquela tarde estranha, ela prestou atenção nas sensações, e em todas as pessoas simples e aleatórias que passavam por ela. Sentiu o sabor do café, prestando atenção em toda a explosão sensorial que seu corpo pudesse transmitir, e olhou as cores da cidade como se fossem muito mais vibrantes aumentando o contraste entre o azul e o amarelo, entre o verde e o laranja, e tudo o mais que pudesse saltar aos seus olhos atentos que buscavam o invisível.
Naquela tarde tão estranha, que talvez pudesse decidir o seu destino, ou nos acontecimentos posteriores que poderiam modificar o destino de outras pessoas. Mas ela não pensava em outras pessoas, mas somente nela. E isso era o que ela mais odiava em si mesmo, esse egoísmo premeditado que não conseguia evitar, por isso queria saber como amar, como era esse sentimento torto e cheio de contradições. E procurava. Procurava em tudo e em todos, e nunca encontrava. Sempre queria mais do que tinha, sempre esperava mais do que recebia, e sempre amava mais do que era amada. E procurando o amor não percebia que já o tinha encontrado, e não só encontrado mas como tinha amado. E amava intensamente, e não percebia.
Amava e magoava, por que achava que não amava e que não sabia amar. Por que pra ela, amar era se doar, e em sua cabeça nunca encontrara isso em ninguém, essa doação mútua e simultânea.
Ah, como era tola essa menina. Seus medos que não eram em vão. Suas tristezas que não eram em vão. Sua alma que ardia no peito.
O que poderiam fazer por ela? Ninguém jamais saberia o que aquele coração inquieto precisava.

D.