sábado, 12 de novembro de 2011

Meu pedaço

Eu sei que hoje você não pode me ajudar, é aquele negócio, meio que interno sabe?
Um leve aperto no peito de estar perdendo quem eu amo na vida, e não poder fazer nada.
É claro que errar todo mundo erra, e olha, você errou pra caramba, mais eu te perdoo, e espero que me perdoe também.
Eu preciso que você saiba que eu guardo você comigo apesar de tudo, dentro do lugar mais lindo que se possa imaginar, nas lembranças mais doces da minha vida.
Ouvi horas e horas de Edith Piaf, me afundei nos copos, e fumei maços e maços de morte, mais sei que isso não vai fazer passar essa dor.
Resta ter fé, acreditar que um dia essa dor vai passar, e eu acho que no fundo, passa.


J.

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

O sorriso

Não há o que possa ser feito. Disse o homem de barbas grisálhas sentado naquele canto escuro com seu copo meio cheio - mas diria ele meio vazio - e seus óculos pousados na ponta do nariz. Seu olhar era calmo e profundo e era muito difícil saber o que se escondia por trás do que pareciam grandes bolas negras envolvidas por pálpebras caídas.
Não há nada mais. Você viu todos os sinais, por que continua a ignorar os fatos? Tão tolo quanto qualquer outra criatura esperançosa, cheia de sonhos e vontades impossíveis. É disso que se alimenta, de desilusão!?
Ele não falava comigo, mas eu estava perto o suficiente para ouvir com exatidão e tomar pra mim suas palavras amargas e cheias de rancor. Por um momento me petrifiquei ao ouvir a verdade lançada tão sem jeito ao mundo. Ah! espero que nenhum sonhador ouça essas coisas, farpas jogadas e que grudariam nos dedos e jamais sairiam.
O homem se deteve por um tempo com as mãos juntas sobre a mesa, como se esperasse uma resposta, como se ainda esperasse uma última coisa acontecer. Olhei com cuidado em direção a ele e o que vi foi realmente intrigante. Um sorriso se formando num rosto triste. Era uma noite diferente por mais que parecesse normal e sem nenhuma relevância.
O homem grisálho de pálpebras caidas, óculos sobre o nariz, olhar negro e profundo, mãos juntas com um copo pela metade. Era só um homem triste que sorria. Por que aquele sorriso não cabia a ele que nem acreditava nos sonhos, e enxergava os sinais com destreza.
Me senti estranha na hora, não sabia o que aquilo queria dizer e quase que por um impulso fui em direção àquele homem. Talvez ele com seu problema resolvido, suas perguntas respondidas e seus sinais intepretados poderia me dizer como não se peder nas próprias expectativas.
Ele segurou o copo por um tempo, olhando com curiosidade para o conteúdo. Piscou algumas vezes, e como se soubesse o que fazer tomou seu último gole. Levantou-se decidido e corajoso, e antes de sair me olhou surpreso. Agora eram minhas mãos que estavam juntas sobre a mesa, esperando o desfecho apropriado para aquela noite. E ao me ver e se deter por um momento, sorriu-me e partiu.
Olhei para o meu copo pela metade e a mesa agora vazia onde antes havia um homem triste sorrindo. Foi rápido e confuso e nada poderia ter me aterroziado mais do que suas palavras e seu sorriso. Só acho que no fim ele exergou o copo meio cheio e se assustou com as possibilidades.
As possibilidades são sempre assustadoras e me fazem sorrir. Acho que foi isso. Deve ter sido.

D.

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Rascunho II

Tem dias que fico triste, uma tristeza calma e discreta. Não é preciso lágrimas ou olhos avermelhados. Não é preciso desabafar ou abraçar. É preciso apenas esperar passar.

D.

domingo, 3 de julho de 2011

Rascunho I

Tenho meu pequeno segredo guardado a sete chaves. Não revelarei tal acontecimento inocente de dias atrás que me fez mudar assim de repente. Um baque violento que força qualquer coisa a tomar outra forma.
Repentino e certeiro fui atingida por fagulhas devoradoras de tristeza e melancolia e fui atirada ao mundo da saudade e nolstagia das pequenas coisas, dos pequenos atos, daqueles rostos sorridentes nas fotos.
Confesso que fui fraca e me rendi aos encantos da vida. Aquela idéia perdida de aproveitar o que há de bom. Sou um fracasso perante a sociedade canibalistica de mentes livres.
Vou esquecer dos códigos, só hoje vou deitar no sofá e esperar o dia entardecer e anoitecer, não vou me alongar nas palavras nem ser ambiciosa quanto aos meu desejos.
Minhas expectativas pra amanhâ são sufocantes e o tempo há de esquentar, acredite.

D.

domingo, 12 de junho de 2011

No meu coração tem mais de trezentos suspiros,
eu já soltei as amarras,
e estou flutuando...
Existe coisa mais bela que o amor?
J.

domingo, 15 de maio de 2011

Sobre o tempo que passa sem se perceber

Faz um tempo que não escrevo nada relevante, nada que mexa com os sentidos e sentimentos que todos têm, mas as vezes guardam e esquecem. Faz um tempo que as coisas andam perdendo a verdade de ser, perderam o encanto. O brilho que existia está agora tão fraquinho, se dissipando rápido, ficando nas coisas, nos dias repetidos, nas pessoas cansadas.

Ainda assim meus olhos não perderam a astúcia em captar as minúcias dos segundos, transformados em minutos e em horas, contadas na minha pele como apenas mais unidades de tempo somadas aos atrasos e atividades automáticas de calculadora. Contente que sou me revolto com pouco e cansada de estar sempre disposta a esquecer e relevar lanço palavras de ira e tristeza.

Através de solavancos e espamos periódicos descobri que ainda me decepciono com facilidade e que as pessoas não medem o peso das palavras lançado-as sem se importar com a catástrofe que podem causar.

Mesmo tanto tempo escondida nos textos jogados, muitas vezes chorados, sem palavras de consolo a me acariar o peito, ainda continuo medrosa e insegura. E revelar tal informação não me torna mais nobre nem astuta. Na verdade é mais uma cautela minha, informar ao mundo que me trate com um pouco mais de paciência e que talvez eu ainda precise de alguém pra segurar minha mão ao atravessar a rua.

Escrever antes era um hábito, uma escapatória. Depois se tornou mais uma necessidade, um vício. Hoje me amedronta as palavras que lanço sem pensar, as frases tão íntimas que ao serem lidas em voz alta perdem o sentido. Fui escrevendo e mudando o que eu era. Como se as palavras depois de escritas e lidas não pudessem mais se despreender de mim e foram assim ficando gravadas me adensando. As pequenas frases mais sinceras foram apagando temores dentro de mim criando sorrisos bonitos, abraços sinceros, vontades espontâneas de caminhar e encontrar surpresas pelo caminho. Minhas palavras querem ser contra a monotonia que envelhece, mas acaba se repetindo lentamente como um ciclo. Esses parágrafos formados de lentos desabafos são apenas um retrato difuso dos dias que passam em uma vida tão normal que assusta.

Estou subvertendo a condição mais normal de existir. Sou tão normal, tão normal de doer.


D.

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Coloco no papel palavras molhadas de lágrimas.
Lágrimas de alívio e felicidade,
é bom sentir-se leve novamente,
com o coração pulsante,
me sinto viva como jamais estive antes,
pronta pra partir do zero,
esperando tudo de melhor que o amanha pode me oferecer.


J.

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Observações de uma quarta-feira

A nuvem chorava baixinho do alto da janela,
em um dia banhado de sol,
 ela escolheu hoje pra chorar.
 Derramou seu pranto, triste, em silêncio.
 De longe eu observava aquela nuvem que escolheu não contemplar o sol
 e se afogar em seu próprio mar interior.
 Não me arrisco a tentar consolá-la,
 entendo que existam dias em que as nuvens precisam chorar,
  mesmo de longe senti suas lágrimas tocarem meu rosto.
 Observei, não com pena, mais com carinho,
eu sei bem como ela se sente,
o choro é o banho que a alma toma quando esta cansada,
 precisando acordar.


J.
      

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Urgente!

Hoje o dia pede mais um café pra ficar de pé, dias cinzas sempre são assim pra mim, e olha que ultimamente todos os dias estão com a mesma cor.
Ei, me bateu uma saudade de você hoje, sabe como é, ficar uns dias sem você me causa uma abstinência terrível. Saudade também daquela época que sentavamos naquele bar da esquina, da cerveja barata e gelada, e conversavamos sobre livros, musica e política. Foi há um ano já né? o tempo voou, e nem percebemos.
 Mas sabe, isso é bom, estar com você é muito bom, sentir saudade também, acho que a saudade me faz lembrar do porque escolhi você pra caminhar comigo.
 Passa aqui hoje, vem sentir todo o amor que tenho pra te dar, vem trazer um pouco de cor para o meu dia, e mentolar esse café forte que preciso pra sobreviver. 
Só você sabe como adoçar a minha vida.  


J.

domingo, 27 de março de 2011

Os dias solitários vão deixando marcas de tristeza e melancolia em mim. Se eu pudesse saber se isso está certo poderia rir de mim por tamanha insegurança, tamanha falta de tato aos caminhos incertos que as escolhas nos levam. É que todos os dias estão sendo tão iguais. As mesmas canções e palavras repetidas ao longo de um suspiro breve e doído. Trago cores tão vivas dentro de um corpo cinza, palavras frias pra formar uma frase de amor e sentimentos obscuros pra demonstrar meu coração sedento. Um pouco mais de paciência e decisão, um pouco mais de sonho pra um dia azul de verão.

Vou esperar a distância me encontrar no fim de um refrão improvisado, no fim das contas, no fim da rua, no fim do dia.


D.

terça-feira, 22 de março de 2011

Carta I

Ah, Pequena menina, ainda se lembra de mim? Como está esse leve coração que vc leva como pluma dentro de si?  Às vezes tenho a impressão que o seu apego por Caio F. seja por minha culpa,  tanto porque eu gosto, e também por minha ausência. É, talvez eu tenha sido ausente, mais sabe que sou desapegada, e isso você também é, você que é bicho solto, nasceu pra vida, pra voar, eu sou mais do tipo que voou bastante e agora procura ninho pra descansar. Fiquei sabendo que andou viajando pra longe, vários amores, é isso mesmo? Haha, fico feliz, sempre soube que aquela idéia de um amor em cada continente era real.Fiquei sabendo do seu avô, uma grande perda, um homem daqueles, forte, como pode né!? Era o par de olhos azuis que eu mais quis conhecer na minha vida! Tá de casa nova por aqui também? Olha que se não tiver aquela aquarela do pequeno príncipe desenhada na parede do quarto vou ficar triste, e aquela frase em francês no alto, como era mesmo? Alguma coisa sobre só se vê bem com o coração, algo assim, não lembro ao certo, você sabe que francês nunca foi meu forte. Ah, minha casa também ta diferente desde a ultima vez que esteve aqui, tem varias plantinhas na sacada, inclusive uma rosa do deserto linda, você vai adorar! Aquele conhaque que você esqueceu aqui já acabou, mais tem outro agora de gengibre que é muito bom. Ah, Saudade daquele sorriso bêbado, quando vamos nos ver? Sabe que você é uma daquelas que guardo sempre junto comigo, do lado dos que tenho afeto! Não quis ficar tanto tempo longe, é que é difícil com tanta responsabilidade. Espero te ver logo, manda um abraço pro pessoal ai, eu desejo tudo o que tem de mais bonito e colorido que exista pra você, toda a energia.
Saudosamente,
J.

segunda-feira, 21 de março de 2011

A quarta-feira

nada mais é do que o dia em que as pessoas se despem dos seus sonhos, guardam as gargalhadas e felicidade dentro de uma caixinha, e voltam mascaradas de tristeza e solidão para seu cotidiano. Agora entendo porque a chamam de quarta-feira de cinzas.




sábado, 5 de março de 2011

Sentir

Sentir a diferença entre as mãos. A textura das palavras, o cheiro dos olhares e a maciez dos sonhos. Tentar não soltar o tempo em qualquer lugar, mas sim cuidar dos segundos como se fossem flores delicadas. Tocar a alma cuidadosamente enquanto a lua canta uma daquelas cantigas de amor antigo e chora iluminada. Sorrisos alheios metidos entre dentes cerrados de alegria.

O fato de sentir torna tudo um pouco mais complicado e interessante e dispõe de corações usados, reusados e alguns guardados cuidadosamente dentro de um corpo frio e medroso.

Sobra tristeza em alguns dias de solidão, e a tv ligada tagarelando qualquer coisa sem importância perturba os pensamentos puros que pretenciosamente tentam libertar um sonho incandescente, tropical, amarelo e doce.

Pois então se acabou. Sobrou um pouco de mim pra contar o fim da história, algumas palavras que dançavam e riam sem vontade de fazer outra coisa.

Antes eu era um pensamento e agora o pensamento se tornou um outro alguém.


D.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Tripper

Era um corpo mole, possuído por um ritmo diferente, envolto de magia e cor, solta pelo ambiente, o seu cheiro presente nos copos, nas garrafas, o seu som era estridente, confusa, era como se quisesse fugir da realidade que a cercava, e fugia. A felicidade era ácida, seu vocabulário obtuso, ela era uma viagem só de ida, possuía o sol em seus olhos, não tinha medo, nem pudor, seu sorriso lisérgico flutuava em nuvens de algodão doce, e mesmo assim todos faziam questão de observá-la, eles queriam compreendê-la, mesmo sabendo que ela era indecifrável.



J.

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Tanto


"Sabe, você tem sorte!"

Aé!? Tenho sorte, uma sorte que me sorri todos os dias, dispõe de mim para suas brincadeiras sensatas de fazer aprender sofrendo. Pois aquele que não dá valor às coisas deve saber como viver na marra.

"Poucas pessoas têm o privilégio que você tem"

Grande privilégio de ser incompleta, ser tão mortal de não fazer falta. Quando eu puder saber meu verdadeiro privilégio te conto. Conto com detalhes como é parecer menos vazia.


Tenho medo, um medo absurdo e paralisante. Patética, sou um esboço mal feito de vontades aleatórias que mudam o tempo inteiro. Sou uma coisa oscilante, sem forma, sem jeito que pensa demais.
Colore esse dia com letras dançantes, pensando que amar é mais fácil do que qualquer outra coisa, qualquer coisa pulsante. É uma condição humana de existir dessa forma tão confusa e imatura. Triste e bonito.

D.

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Restos

    E o que vejo é uma carcaça sofrida de tanto viver, olhos cansados de presenciar tanta desgraça, cegos por conta própria, sem pernas, sem forças, sem querer saber o caminho, amputada e cansada de desafios, faltando o sopro, a alma. O sorriso que trago já não passa de um amarelado esboço de timidez com amargura, comprado à prestação, que sonho em um dia terminar de pagar. Trago comigo o coração na mão, pulsando, vivo, ainda tépido, escorrendo um liquido ralo escarlate, seguro com força um dos únicos bens que ainda tenho, com as poucas palavras que me restam tento em vão materializar na narrativa a dor do meu espírito.



J.

sábado, 15 de janeiro de 2011



Incrivelmente o dia tende a melancolia sem nenhuma explicação.
Não que seja ruim,
não perde seu brilho e beleza por isso,
só pede um pouco mais de atenção aos pequenos detalhes,
e não que o desbotado do céu não tenha seu valor.
Ele tem,
me faz apreciar o azul estonteante
que raramente noto em dias em que tudo se diz “normal”.



J.

domingo, 9 de janeiro de 2011

A cor do meu dia

Cada um carrega dentro de si uma cor, um cheiro, uma palavra, um gesto que te diferencia das outras pessoas. Uns chamam isso de personalidade, prefiro chamar de essência.
Ontem o dia foi repleto desse colorido diferente, com um cheiro de experiência que deu certo, a poesia estava solta pelo ar, em seus cabelos, seus olhos, pairando sobre nossas cabeças. Uma coisa gostosa que eu não sentia há algum tempo, aquele negócio de voltar a ser criança por algumas horas, da fala boba e sem compromisso, caretas e bobeirinhas que tornam o dia ainda mais especial. Eu só queria que o tempo não passasse, ainda não aprendi a congelar momentos, a única coisa que posso fazer é revivê-los, e a partir de agora é o que vou fazer, reviver este momento todos os dias.


J.

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Fragmentos perdidos



Parece que virei apenas um eco do que eu era. Fui mudando, sorrindo e mudando. Ainda continuo a sorrir e mudar é uma consequência.
Quando penso no tempo que gastei sendo apenas uma sombra de vida, percebo que foi necessário. Tudo tem um tempo exato pra ser e nada é tão definitivo que não possa mudar.
Não há como voltar. As decisões já foram tomadas, resta agora compreendê-las.
É estranho. Hoje é um dia qualquer, e mesmo assim não se nega sua raridade.

D.