terça-feira, 22 de maio de 2012

Rascunho III


Ando correndo pra lugar nenhum. É que senti um pânico repentino das coisas que eu não posso controlar e que estão se tornando menos parte de mim. Tudo flutuando acima de mim e eu só olhando pros meus própriso pés. Ando sem palavras pra me preencher e um coração saturado de "mais ou menos". É preciso viver pra poder existir, constatando que o medo atrai os monstros medonhos e cheios de rancores guardados nas dobras do corpo e nas cores da alma. Sinto tanta falta de coisas que nunca tive, e é estranho acordar com um buraco negro dentro de mim. Tanto existencialismo me farta do mundo, não dá pra se acalmarem todos e por um só munito parar.Tenho medo de ser sempre assim, continuar tentando sem exito, respirando sem sentir, chorar por coisas que não me valhem nada. Há de existir a alma que entederá as palavras que escrevo, os sentimentos que guardo e o medo irracional que levo. Então não tem por que temer, estamos num caminho sem volta seguido de curvas fechadas. Sei que a culpa é minha. Sonhei demais de olhos fechados, não vi você passar.

D.

sábado, 12 de novembro de 2011

Meu pedaço

Eu sei que hoje você não pode me ajudar, é aquele negócio, meio que interno sabe?
Um leve aperto no peito de estar perdendo quem eu amo na vida, e não poder fazer nada.
É claro que errar todo mundo erra, e olha, você errou pra caramba, mais eu te perdoo, e espero que me perdoe também.
Eu preciso que você saiba que eu guardo você comigo apesar de tudo, dentro do lugar mais lindo que se possa imaginar, nas lembranças mais doces da minha vida.
Ouvi horas e horas de Edith Piaf, me afundei nos copos, e fumei maços e maços de morte, mais sei que isso não vai fazer passar essa dor.
Resta ter fé, acreditar que um dia essa dor vai passar, e eu acho que no fundo, passa.


J.

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

O sorriso

Não há o que possa ser feito. Disse o homem de barbas grisálhas sentado naquele canto escuro com seu copo meio cheio - mas diria ele meio vazio - e seus óculos pousados na ponta do nariz. Seu olhar era calmo e profundo e era muito difícil saber o que se escondia por trás do que pareciam grandes bolas negras envolvidas por pálpebras caídas.
Não há nada mais. Você viu todos os sinais, por que continua a ignorar os fatos? Tão tolo quanto qualquer outra criatura esperançosa, cheia de sonhos e vontades impossíveis. É disso que se alimenta, de desilusão!?
Ele não falava comigo, mas eu estava perto o suficiente para ouvir com exatidão e tomar pra mim suas palavras amargas e cheias de rancor. Por um momento me petrifiquei ao ouvir a verdade lançada tão sem jeito ao mundo. Ah! espero que nenhum sonhador ouça essas coisas, farpas jogadas e que grudariam nos dedos e jamais sairiam.
O homem se deteve por um tempo com as mãos juntas sobre a mesa, como se esperasse uma resposta, como se ainda esperasse uma última coisa acontecer. Olhei com cuidado em direção a ele e o que vi foi realmente intrigante. Um sorriso se formando num rosto triste. Era uma noite diferente por mais que parecesse normal e sem nenhuma relevância.
O homem grisálho de pálpebras caidas, óculos sobre o nariz, olhar negro e profundo, mãos juntas com um copo pela metade. Era só um homem triste que sorria. Por que aquele sorriso não cabia a ele que nem acreditava nos sonhos, e enxergava os sinais com destreza.
Me senti estranha na hora, não sabia o que aquilo queria dizer e quase que por um impulso fui em direção àquele homem. Talvez ele com seu problema resolvido, suas perguntas respondidas e seus sinais intepretados poderia me dizer como não se peder nas próprias expectativas.
Ele segurou o copo por um tempo, olhando com curiosidade para o conteúdo. Piscou algumas vezes, e como se soubesse o que fazer tomou seu último gole. Levantou-se decidido e corajoso, e antes de sair me olhou surpreso. Agora eram minhas mãos que estavam juntas sobre a mesa, esperando o desfecho apropriado para aquela noite. E ao me ver e se deter por um momento, sorriu-me e partiu.
Olhei para o meu copo pela metade e a mesa agora vazia onde antes havia um homem triste sorrindo. Foi rápido e confuso e nada poderia ter me aterroziado mais do que suas palavras e seu sorriso. Só acho que no fim ele exergou o copo meio cheio e se assustou com as possibilidades.
As possibilidades são sempre assustadoras e me fazem sorrir. Acho que foi isso. Deve ter sido.

D.

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Rascunho II

Tem dias que fico triste, uma tristeza calma e discreta. Não é preciso lágrimas ou olhos avermelhados. Não é preciso desabafar ou abraçar. É preciso apenas esperar passar.

D.

domingo, 3 de julho de 2011

Rascunho I

Tenho meu pequeno segredo guardado a sete chaves. Não revelarei tal acontecimento inocente de dias atrás que me fez mudar assim de repente. Um baque violento que força qualquer coisa a tomar outra forma.
Repentino e certeiro fui atingida por fagulhas devoradoras de tristeza e melancolia e fui atirada ao mundo da saudade e nolstagia das pequenas coisas, dos pequenos atos, daqueles rostos sorridentes nas fotos.
Confesso que fui fraca e me rendi aos encantos da vida. Aquela idéia perdida de aproveitar o que há de bom. Sou um fracasso perante a sociedade canibalistica de mentes livres.
Vou esquecer dos códigos, só hoje vou deitar no sofá e esperar o dia entardecer e anoitecer, não vou me alongar nas palavras nem ser ambiciosa quanto aos meu desejos.
Minhas expectativas pra amanhâ são sufocantes e o tempo há de esquentar, acredite.

D.

domingo, 12 de junho de 2011

No meu coração tem mais de trezentos suspiros,
eu já soltei as amarras,
e estou flutuando...
Existe coisa mais bela que o amor?
J.

domingo, 15 de maio de 2011

Sobre o tempo que passa sem se perceber

Faz um tempo que não escrevo nada relevante, nada que mexa com os sentidos e sentimentos que todos têm, mas as vezes guardam e esquecem. Faz um tempo que as coisas andam perdendo a verdade de ser, perderam o encanto. O brilho que existia está agora tão fraquinho, se dissipando rápido, ficando nas coisas, nos dias repetidos, nas pessoas cansadas.

Ainda assim meus olhos não perderam a astúcia em captar as minúcias dos segundos, transformados em minutos e em horas, contadas na minha pele como apenas mais unidades de tempo somadas aos atrasos e atividades automáticas de calculadora. Contente que sou me revolto com pouco e cansada de estar sempre disposta a esquecer e relevar lanço palavras de ira e tristeza.

Através de solavancos e espamos periódicos descobri que ainda me decepciono com facilidade e que as pessoas não medem o peso das palavras lançado-as sem se importar com a catástrofe que podem causar.

Mesmo tanto tempo escondida nos textos jogados, muitas vezes chorados, sem palavras de consolo a me acariar o peito, ainda continuo medrosa e insegura. E revelar tal informação não me torna mais nobre nem astuta. Na verdade é mais uma cautela minha, informar ao mundo que me trate com um pouco mais de paciência e que talvez eu ainda precise de alguém pra segurar minha mão ao atravessar a rua.

Escrever antes era um hábito, uma escapatória. Depois se tornou mais uma necessidade, um vício. Hoje me amedronta as palavras que lanço sem pensar, as frases tão íntimas que ao serem lidas em voz alta perdem o sentido. Fui escrevendo e mudando o que eu era. Como se as palavras depois de escritas e lidas não pudessem mais se despreender de mim e foram assim ficando gravadas me adensando. As pequenas frases mais sinceras foram apagando temores dentro de mim criando sorrisos bonitos, abraços sinceros, vontades espontâneas de caminhar e encontrar surpresas pelo caminho. Minhas palavras querem ser contra a monotonia que envelhece, mas acaba se repetindo lentamente como um ciclo. Esses parágrafos formados de lentos desabafos são apenas um retrato difuso dos dias que passam em uma vida tão normal que assusta.

Estou subvertendo a condição mais normal de existir. Sou tão normal, tão normal de doer.


D.