segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Sol na casa 7

Fiz amizades com todos e qualquer um, criei o caos e o tumulto, perdida tantas vezes, me conheci. 
Descobri que só, seria tudo mais fácil, e não foi. Cresci sendo machucada, e dou valor as minhas cicatrizes, todas elas marcadas a ferro e fogo, em brasa,  em dias cinzentos, demorei, mas descobri. 
Descobri que era preciso ter força pra sobreviver, que aqui fora desse mundo de faz de conta que criei, são todos leões famintos, e você, será a próxima lebre a ser morta e devorada freneticamente com gosto. 
Com gosto de vitória. 
Com um certo azedume na alma me deparei com dias chuvosos onde não me emprestariam se quer um canto em um guarda-chuva quebrado. 
E venci.
Hoje sou leão, e mato pra sobreviver.


J.

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Desajuste

Não é a coincidência de gostos e conversas malucas. Não é a troca de olhares distraídos nem duetos desajeitados. Não é o tratamento especial nem as palavras certas. Não são os sonhos ambiciosos compartilhados nem os encontros mais que ocasionais. Não é a vontade de um nem de outro. Não é a surpresa de uma coincidência estranha. Não é a verdade de um elogio. Não é o olhar revelador. Não é nada disso. É outra coisa. Outra coisa que junta e dilacera a alma. É alguma coisa que ainda não encontrei.
São fatos, exatos e certeiros. Outra coisa, escondida dentro daqueles que foram escolhidos pelo mundo, e esses poderão saber o que é que falta. Eu não sei o que é. Minha pretensão de saber vai se dissolvendo aos poucos. Minha vontade de acreditar vai se tornando a decepção de tentar. O mundo não me escolheu pra isso.
Acho que sou feita pra outra coisa. Que coisa eu não sei.

D.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

3x4

Sou uma morena qualquer, não como qualquer brasileira, sou aquela morena branca britânica, uma morenez mais sulista.
Meu sorriso escarlate não tem pretensão alguma em te fazer feliz, minhas unhas roídas demonstram a minha insegurança em continuar a viver, esse tic na perna contam os segundos que teimam em andar mais devagar.
Trago comigo um coração áspero, de carne morta, cansado de bater. Resultado de anos de tristezas, de choro, de tanto sentir saudade, cansado de amar errado, que agora só quer andar sozinho, capaz de fazer de um caminho qualquer sobre a neve, em um caminho gelado e sem porto.
A culpa não é minha, nasci na hora errada, queria eu ter nascido há cem anos atrás, seria tudo mais feliz, mais bonito, seria eu cortejada, usaria rendas brancas imaculadas, doce e meiga, com um leve ar feliz de se saber única e especial como uma rosa sendo cativada.

J.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Assim como hoje
uns estão dispostos a morrer,
outros estão dispostos a matar...

                                      segunda-feira é tenso!

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Tentei não me importar
Esqueci.
Me distrai
e me importei.
Quando vi já não tinha jeito
pensar demais engana,
vou esperar alguém vir me procurar
só pra dizer que vou ficar, não quero ir.
A aurora é só minha.
fique dito,
Que a mais ninguém ela pertencerá.


D.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Que seja doce

Os dias passam pesados, como se eu carregasse uma cruz, onde estão pregados todos os meus erros, de um ano todo que se passou e eu nem vi, de horas que escorreram entre meus dedos como água, como se eu quisesse segurar, mesmo sabendo que não conseguiria.
E como eu queria segurar, pausar esse tempo que voa, pausa-lo em um dia perfeito, onde não havia essa previsão de um futuro negro tão próximo.
Só quero que esse pranto volte a ser riso em breve,tirar o cinza dos meus dias, que esse ano acabe e leve todos os fantasmas que me atormentaram nesses meses terríveis.
Que venham dias leves e lentos, onde eu possa sentir a presença de todos a minha volta, amar com mais intensidade, estar com os meus, aqueles que me fazem bem, e dias que eu saiba fazer desse drama a hora de recomeçar.


J.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Antes de adormecer

Passei a acreditar nas rosas perfumadas. Em equações sentimentais e opções controversas. Passei a pensar sobre as pessoas, sobre a chuva e sobre a solidão. Encontrei algum sentido em sentir. Descobri a beleza da imperfeição. A vida imperfeita me encanta, me faz mais real.
Minha carne está respondendo aos estímulos, e se dilacera em agonia tanto quanto meu coração traiçoeiro. Minhas pálpebras estão prontas pra se fechar de cansaço, sem saber o porquê de adormecer enquanto a vida acontece. Não quero perder nenhum segundo de consciência. Essa consciência absurda me assusta. É um perigo para os fracos.
Sentidos, sentidos. Entenda como quiser.


D.