quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Restos

    E o que vejo é uma carcaça sofrida de tanto viver, olhos cansados de presenciar tanta desgraça, cegos por conta própria, sem pernas, sem forças, sem querer saber o caminho, amputada e cansada de desafios, faltando o sopro, a alma. O sorriso que trago já não passa de um amarelado esboço de timidez com amargura, comprado à prestação, que sonho em um dia terminar de pagar. Trago comigo o coração na mão, pulsando, vivo, ainda tépido, escorrendo um liquido ralo escarlate, seguro com força um dos únicos bens que ainda tenho, com as poucas palavras que me restam tento em vão materializar na narrativa a dor do meu espírito.



J.

2 comentários:

  1. Gostei muito do seu texto, nos faz refletir.

    Jé adorei seu cantinho!Virei com certeza tomar alguns cafés por aqui!
    Que seja doce!!
    bjs

    ResponderExcluir
  2. Ah, Jéee...
    gostei muito do teu blog, flor.
    Já tô seguindo.
    E vai lá pra abinha do meu Jardim.

    beijos!

    ResponderExcluir