Naquela tarde tão estranha, onde ela procurava mais uma vez se encontrar e se entender para que pudesse parar de magoar a todos, mas uma vez ela enxergava além do que podia, mas não encontrava a resposta que queria. Aquela tarde em especial parecia muito mais exata que as outras, e ela tentava acreditar que poderia conseguir.
O que ela não sabia, era o quanto demoraria pra descobrir que aquele estado de espírito não era passageiro, e que todos os seus medos não eram em vão, e que suas esperanças eram tão efêmeras quanto o sol que a aquecia no inverno.
Saberia um dia que tudo pelo o que chorou era apenas um pretexto para escapar do som da sua alma, que gritava enquanto ela vivia mediocremente.
Por isso, ela procurou ver no mundo aquilo que ninguém mais via, procurou sentir como ninguém mais sentia e procurou sofrer, pra que pudesse amar.
Naquela tarde estranha, ela prestou atenção nas sensações, e em todas as pessoas simples e aleatórias que passavam por ela. Sentiu o sabor do café, prestando atenção em toda a explosão sensorial que seu corpo pudesse transmitir, e olhou as cores da cidade como se fossem muito mais vibrantes aumentando o contraste entre o azul e o amarelo, entre o verde e o laranja, e tudo o mais que pudesse saltar aos seus olhos atentos que buscavam o invisível.
Naquela tarde tão estranha, que talvez pudesse decidir o seu destino, ou nos acontecimentos posteriores que poderiam modificar o destino de outras pessoas. Mas ela não pensava em outras pessoas, mas somente nela. E isso era o que ela mais odiava em si mesmo, esse egoísmo premeditado que não conseguia evitar, por isso queria saber como amar, como era esse sentimento torto e cheio de contradições. E procurava. Procurava em tudo e em todos, e nunca encontrava. Sempre queria mais do que tinha, sempre esperava mais do que recebia, e sempre amava mais do que era amada. E procurando o amor não percebia que já o tinha encontrado, e não só encontrado mas como tinha amado. E amava intensamente, e não percebia.
Amava e magoava, por que achava que não amava e que não sabia amar. Por que pra ela, amar era se doar, e em sua cabeça nunca encontrara isso em ninguém, essa doação mútua e simultânea.
Ah, como era tola essa menina. Seus medos que não eram em vão. Suas tristezas que não eram em vão. Sua alma que ardia no peito.
O que poderiam fazer por ela? Ninguém jamais saberia o que aquele coração inquieto precisava.
D.
Aquele que diz que já amou e nunca sofreu está enganado, pois se ele não sofreu ele não amou de verdade... Amar é sofrer, mas não apenas isso é viver um misto de sentimentos.
ResponderExcluirEnfim o texto é lindo.
"Eu sempre tive uma certeza
ResponderExcluirQue só me deu desilusão
É que o amor é uma tristeza
Muita mágoa demais para um coração
...
Eu quis amar mas tive medo
E quis salvar meu coração
Mas o amor sabe um segredo
O medo pode matar o seu coração."
Do meu grande poetinha vagabundo, Vininha.
Espetacular o texto, um belo começo para um blog. Acredita se eu disser que entendi cada detalhe, cada sentimento, cada sensação? Despretencioso, quase oculto aos olhos desapercebidos de quem esquece que a vida vai "além do que se vê"...
Ainda espero aquele vinho com L.A.
Já tenho uma certeza colossal de que terei muito a ouvir e dizer. E que venham mais pinturas como essa...
A sala cheia.
ResponderExcluirPessoas atentam para a explicação.
Algumas escrevem,
Outras dormem ( São poucas, e tolas, essas que dormem ).
A aula.
O professor...a poesia...
As falas, um silêncio...
Uma tosse ao fundo.
Um sorriso.
O frio... Está passando.
O sol está mais forte.
O tempo deveria parar...
Um olhar vaga pela sala
Pelas pessoas
Um olhar vaga...
O seu...
O meu...
Suas palavras
Poesia aos ouvidos
De todos alguns.
Suas palavras
Poesia no meu papel.
Hoje escrevo, porque fez vento
ResponderExcluirEm tudo que eu deixei ao relento
O meu amor voou.
hai kai do vento
f. luz
ONDE ODE ONDE
Onde parece escuro,
Escrevo.
Onde parece calado,
Canto.
Onde nada parece,
Eu crio.
Onde a noite escurece,
Eu mergulho.
Onde eu te vi,
Não sei.
Vários ondes e mais ondes
Sem saber.
Versos de esquina ( Felipe da Luz Prates)
ResponderExcluirEssas anotações,
Esses simples versos
Tem dias que meu universo
É mais que um, é mais que um milhão.
Quando perco minhas frases
E rimas
Posso encontrá-las perdidas nas eqüinas
Onde te deixei
Onde perdi meu coração
Você virou minha musa
Fonte de inspiração
São os raios à noite
Meu negro passado,
São os gritos que eu escuto
Ou só os tormentos do meu coração.
Biblioteca ( Felipe da Luz Prates)
São tantos livros,
Tantos poetas e escritores,
Alguns admiro mais, mas
Todos merecem que algumas
Páginas eu leia.
De que adianta ter
Livros, escrever, compor,
Se não há pessoas
Para os ler, ouvir.
Ah, se soubesses
Que quando escrevo,
Pra ti escrevo,
Se soubesses
Que versos que penso,
Não seriam úteis se
Não escrevesse por extenso.
Se conseguisses de alguns poetas,
Entender a essência
E sentir em teus punhos
Correr o desejo.
Não importa que desejo
Simplesmente, senti-lo entrando,
Navegando em teu corpo,
Como uma jangada
Numa tormenta em alto mar.
Curitiba 08/11/2001
Psicodelia ( Felipe da Luz Prates)
ResponderExcluirCansado, parou o relógio
O tempo passou ao seu lado.
O rio, pássaro calado.
A cachoeira, um cavalo alado,
É o Pegasus do amanhecer,
É a esfinge do envelhecer,
São as metáforas dos meus poemas,
São as criações de novos fonemas.
É o telefone tocando,
- Alô você acordou!
Esse jogo ( Felipe da Luz Prates)
Minha poesia adolescente
É pra ver seus suspiros.
Minha poesia não é Poesia.
As vezes você não me entende,
Mas eu também não falo.
Eu tenho medo.
Você tem que se cuidar,
Posso lhe ajudar?
Me dá um beijo,
Acende meu fogo.
Esquece de lado esse jogo.
Joga o cigarro fora
E não esquece de me ligar
Na manhã seguinte.
Não esqueça que estou aqui
A lhe desejar.
Salvador 27/12/2001
Menina da Lua ( Felipe da Luz Prates)
ResponderExcluirMenina da Lua,
Faça-me um verso,
Que quando eras nova,
Eu andava disperso.
Quando crescente,
Eu cantava, na madrugada, a sina da minha vida carente.
Quando cheia,
O violão eu tocava, querendo um sorriso
Que tu não me davas.
Menina da Lua,
Oh, minha Menina,
Que quando minguante fugia,
Andavas distante da minha boemia.
Faça-me agora um canto ou poesia.
“Menino da Terra, do mundo meu, do mundo da Lua, que já é teu.
Quando eu era nova mostrava-lhe meus versos,
Mas tu, muito disperso, não os via, nem os sentia.
Quando crescente eu escutava tua música
E em coro respondia contente,
Mas tu não me ouvias e ficavas carente.
Quando cheia, para ti sorria a madrugada inteira,
Com o solo de teu violão que tocava meu coração,
Mas tu continuavas sem me ver.
Oh Menino, meu pequeno Menino,
Eu sou tua mesmo quando minguo
Sei que és meu,
Mas não me entendes.
E a cada ciclo eu volto, mais presente em tua vida
Que parte, já é a minha, mesmo de dia
Ou no auge da sua boemia,
Por isso te mando essa breve poesia,
Sem muito encanto,
Mas pode ser o nosso canto.
Oh Menino, meu pequeno Menino.”